Foi com satisfação que fiquei a saber que há cada vez mais portugueses com problemas psicológicos, 28 por cento da população, 2, 3 milhões, de acordo com resultados de um inquérito nacional.
Duplamente satisfeito, aliás, por razões fáceis de explicar. A primeira, que certamente já adivinharam, é o conforto que estes números me conferem, esta sensação de companhia que me normaliza.
A segunda é cultural, porque é neste mercado de doentes que me movimento, ainda que numa franja de razoabilidade que nos mantém, a mim e a eles, em pequenos picos de estupidez logo descidos ao nível da razoabilidade. Mas estaremos nós, eu e eles, apenas ao nível da mera psicologia ou já, ainda que crentes no contrário, embrenhados nos desvios psiquiátricos.
Vejamos um caso concreto:
(Um palmier simples em cima de uma mesa de um café de Lisboa e três amigos)
NP: Não gosto de palmier simples.
JP: Nem eu.
MP: Pede outra coisa.
NP: Não, não é isso, não gosto como desafio, é um bolo que não me estimula.
JP: Percebo o que queres dizer, é realmente um bolo de uma simplicidade confrangedora.
MP: Eles têm bolas com creme e pastéis de nata. E uns palmiers recheados e cobertos, pareceu-me ver na montra quando entrei.
NP: Pá, não é isso, não estás a perceber, acho o palmier simples um bolo demasiado simples, sinto-me capaz de comer um bolo de outra importância.
JP: Um palmier complicado.
MP: O bolo chama-se simples porque não tem creme, é apenas isso, acho eu. Para o diferenciar dos outros, que têm creme.
(MP come o palmier e deixa o rebordo do bolo, demasiado queimado para o seu gosto, no pires)
NP: Não comes a casca?
JP: O palmier simples nada tem que mereça pensá-lo, é um bolo que, ao nível da análise cognoscível se dá pouco ao conhecimento do outro, é uma referência que não interage.
NP: Sim, não motiva, é simples. Lembro-me agora, por exemplo, destas tristezas do acaso que são como animais que, continuando, têm o termo Comum por referência.
JP: Sim, o Cágado Comum, por instância.
MP: Uma infelicidade, têm razão. Este, no fundo, era um Palmier Comum.
NP: Ainda bem que não servem cágados nesta pastelaria.
MP: Sim, valha-nos isso. Acho que o palmier simples devia ser mais barato que os outros.
Psicologia ou psiquiatria?
Wednesday, February 18, 2009
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10 comments:
Nenhum dos dois. Oftalmologista ou um Virgem de signo. A parte queimada do rebordo é o complexo do palmier simples. E foi o que se deixou de lado...
esse NP e esse JP devem ser parvos. E nada simples! ;)
Imaculada: tens de aparecer na mesma mesa e apresentar essa teoria do rebordo.hehehe
Bf: e alheiras de caça, o trabalho que dão a apanhar quando desatam a fugir pelo mato?
Um dia meu caro Lunatic, talvez um dia...
Pá, o pior das alheiras é que nunca sabes porque lado elas atacam:
têm duas bocas (é por isso que são atadas pela boca)!
Já eu acho que o palmier simples cumpre a função, não de bolo, que não é, mas de uma espécie de bolacha. De facto não é um bolo nem dá o prazer que um bolo deve dar. Isto faz-me lembrar o dia em que eu descobri que existiam bolas de berlim sem creme.
O palmier simples não passa de uma bolacha parece-me, sim, a melhor conclusão possível. hehe
o palmier coberto é muito melhor. Talvez por isso muito difícil de encontrar no café onde decorreu esta tertúlia...
Concordo também que o palmier simples devia ser mais barato que o recheado ou o coberto! O meu favorito é o recheado...
O Palmier simples devia ser banido das pastelarias, confiando-se apenas aos sacos de sortidos do supermercado!
Sacos de sortidos, pá. Isso implicará, brevemente, uma análise por aqui.
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