Lançaram-me e laçaram-me com um desafio do blog da Ensaimada que podem ver ali ao lado na minha lista de blogues nices. Querem que escolha doze palavras preferidas. Por mim tudo bem. Cá vão.
1- Renuído. Aquele gesto que se faz a abanar a cabeça para dizer que não.
2- Garrano. Que é um cavalito.
3- Amíude. Porque passei a vida toda a cantar «De Lisboa a Bragança são nove horas de distância, queria ter um avião para lá ir mais a miúda». Até que percebi que afinal era amiúde e não a miúda. Mas continuo a cantar mal.
4- Foda-se. Porque me serve, como para toda a gente, para uma coisa boa ou má. Posso marcar o terceiro golo ao rival num jogo decisivo ainda antes da meia-hora, levantar-me e gritar foda-se em vez de golo. Mas também posso dizer foda-se quando sofro golo. O futebol, no fundo, pode ser uma sucessão de foda-ses.
5- Ergasiotiquerologia. É o ramo da Medicina e do Direito que cuida dos acidentes do trabalho, das doenças profissionais e suas consequências.
6- Cona. Às vezes tenho mesmo de ser terra-a-terra, é a vida, desculpem lá. Porque cona é uma palavra que soa mal mas é de longe a mais utilizada para nos referirmos a ela e logo é um termo que merece ser homenageado. E, além do mais, qualquer outro termo é absolutamente inutilizável. Cona é um termo resistente num meio onde não há meios-termos. Qualquer outro, ou é ainda mais terra-a-terra, diria mesmo que subterrâneo, e logo indelicado, ou então é cientificamente absurdo: vagina, ou mesmo vulva, caso nos estejamos a referir a todo o, digamos, complexo. Sou um teórico.
7- Anticonstitucionalicimamente. Porque é a maior palavra em português e porque, se calha a ter a cabeça numa tigela cheia de ovos, com tanta volta que dei à língua até a conseguir dizer teria batido claras em castelo.
8- Carruajar. É andar de carruagem. Nunca carruajei, que me lembre.
9- Keewatiano. Divisão estratigráfica correspondente às formações mais antigas do Pré-Câmbrico canadiano. Mas é uma palavra que raramente uso. Se a uso, vá, uma vez por semana é muito.
10- Mainada. Que no fundo junta as palavras mais e nada numa só e uso quando apoio uma ideia, geralmente sócio-política. Exemplo: Alguém diz: «Acho que Weber postula a definição de estado que se tornou essencial no pensamento da sociedade ocidental. O estado como entidade que possui o monopólio do uso legítimo da acção coerciva. A política, se queres que te diga, deverá ser entendida como qualquer actividade em que o estado tome parte e de que resulte uma distribuição relativa da força.» E eu: «Mainada»
11- Fuínha. Gosto do efeito que tenho de dar para dizer o i. Fuííííínha.
12- Refego, que são aquelas dobras nos gordos e que são particularmente engraçadas nos bebés e no boneco da Michelin.
Thursday, March 27, 2008
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4 comments:
Deveras engraçado.
A miúda também morou por estes lados por largos anos.
cherry: deveras, esqueci-me de deveras como palavra macaca.
Deveras assaz!!!
Amíude...
Foda-se..
Cona...
Tudo palavras da nossa juventude partilhada na esplanada da uni.
Oh the drunk old times.
Se eu me importasse realmente com alguma coisa, agora estaria nostálgico.
the hraefn: nem mais, man. aquela esplanada era um manancial, era como estar sentado num dicionário e ir virando páginas ao ritmo das cervejas, hehehe. E as aulas, claro, as aulas a que não íamos tantas e tantas vezes por respeito aos outros que, lá dentro, certamente aprenderiam muito mais connosco cá fora. E hoje fazia tudo outra vez, exactamente da mesma maneira. Sobretudo porque noutro dia estive a olhar para as minhas notas de faculdade e estranhamente percebi que tive melhores avaliações nas cadeiras a que fui menos. A estrutura do ensino ou eu: um de nós tinha um problema.
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