Wednesday, March 7, 2007
Admirável mau gosto
Antoni Gaudi, além de, coitado, ter um nome ridículo, é culpado de quase tudo. O Parque Guell desilude até as crianças, porque, reclamam, é um parque e não tem baloiços. Depois, entendo que colar azulejos e vidrinhos coloridos em edifícios de formato duvidoso, eventualmente ruinosos ao primeiro repelão de terramoto, é, vá lá, disforme. Chamam-lhe modernismo catalão, ainda hoje. Têm piada estes movimentos artísticos que deixam o tempo em suspenso, a atropelar tudo. Gosto especialmente do pós-moderno, que não sei bem o que é; ou mesmo do futurismo. Têm o seu quê de vaidosa afronta, concedo.
Em La Pedrera, conta-se que um inquilino questionou uma vez Gaudi a propósito de um piano que não fazia sentido na sala, porque esta não tinha uma única parede direita. Gaudi sugeriu-lhe um violino. Disto gosto: tinha sentido de humor e, nesse sentido, vale tudo, até aquilo da Sagrada Família. Ainda não percebi se a estão a completar ou a parti-la aos bocados para fazer de novo. Fica numa estranha fronteira do espanto. Simples: espantoso em português é positivo, mas em castelhano é exactamente o contrário, algo negativo, um antónimo. E mais: em catalão, Gaudi significa prazer. Tem relação com o nosso gáudio. Antónimo Gáudio, de admirável mau gosto. Se alguém não gostar deste texto que lhe cole vidrinhos às cores que talvez se leia melhor. Chamem-lhe, depois, pós-texto.
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3 comments:
E eu que vou para lá ainda hoje! Ai os vidrinhos! :)
não é nada disso, não é nada. invejoso!
boa viagem, mia! esta lá calor! :-)
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