Saturday, March 24, 2007

Eu, maior português de sempre

Tenho cá para mim que se Afonso vencer a votação do maior português de sempre significa que, não sendo Afonso originalmente português – ninguém nasce no país que funda — não houve, jamais, um grande português. Logo, aqui me vendo: não sou alto, tenho um metro e setenta e nove, nem pesado, peso 78 quilos, nem assinalavelmente bonito, por muito que a minha mulher e a minha mãe se esforcem em desmentidos e direitos de resposta. Inclinam-se ao sabor das minhas opções capilares, segundo percebo.

Também estou longe de ser verdadeiramente brilhante, brilho intensamente mas só às vezes; tal como estou a milhas de ser considerado estúpido; sou, justifico-me, distraído e tenho o córtex talhado para grandes questões do universo o que me leva a atenção que deveria dispensar ao mundano.

Por estas minhas qualidades transversais, se vencer Afonso e, repito, nunca tiver existido um grande português, é justo cingir a votação ao melhor português médio de sempre. Nessa escolha serei muito competitivo. Não se deve, contudo, confundir com o melhor médio português de sempre, Rui Costa, D. Rui Costa, D. Rui Costa I.

Bem, isto faria tudo sentido não fora existir a aldeia de Folgosinho, a onze quilómetros de Gouveia, como quem sobe a Serra da Estrela. Lá se conta que, desmentindo os viseenses, o lusitano Viriato tem raízes. Se as tem ignoro, porém confirmo a existência de uma estátua onde pode ler-se «A Viriato, natural e fundador de Folgosinho».

Prova isto então que, ao contrário do que pensava quando comecei a escrever este texto, é mesmo possível nascer-se no local que se funda e, logo, Afonso pode mesmo ter sido português antes de ter inventado Portugal. Sou mesmo um português médio, desilusão.

2 comments:

innocent bystander said...

porra. isso quer dizer que há 800 anos que somos todos uns totós. Tirando o Rui Costa (vénia)

Anonymous said...

ora aí está: viriato natural e fundador de FOLGOSINHO, só um reparo:não é aldeia de Folgosinho mas sim:"VILA DE FOLGOSINHO"