Saturday, December 15, 2007

Primeira carta:

Quisesse eu apagar-te. Que não me aparecesses, só. Escrevo-te para to perguntar: que posso fazer para que me desocupes?

Segunda:

Não respondes. Fico sem razão para te apagar. No fundo, aquilo que procuro não é esconder-me de um diálogo contigo, antes a satisfação decorrente de impedir que me fales. Se não me respondes estragas tudo.
Terceira:

Bom era que pudesse falar-te sempre, como agora, mas que jamais pudesses responder, como fazes; que sofresses com essa limitação, que a tua língua nada mais articulasse que sons para mim inaudíveis, que fosses um apito de cão. Que a vida fosse um jogo de squash, que eu jogasse e tu fosses parede.

Quarta:

E ganho a quem?

Resposta:
Sou a parede de onde não passas.

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