Culloden fica no Norte da Escócia, perto da cidade de Inverness. É um campo ermo, trilhado, de vegetação rasteira, com duas bandeiras, uma amarela e outra vermelha, último local onde se travou uma batalha terrestre na Grã-Bretanha. Nada mais lá está, além de um pequeno monumento aos jocobitas, gentes das Highlands que não eram imortais mas ajudaram um governante escocês aspirante ao trono de Inglaterra na batalha contra, claro, o exército inglês.
Ganharam os ingleses, mas o monumento de Culloden é, repito, uma homenagem aos jacobitas, que perderam. Disse-me o guarda, quando lá estive há uns anos, numa manhã de dia de semana, nevava que Deus a dava; era, pois, eu o único turista e, na dúvida histórica, quis confirmar com ele se aquelas pedras tinham mesmo sido erguidas para os derrotados; ele explicou-me, limpando o gelo dos óculos:
- Perdem-se umas coisas, ganham-se outras.
Sabem, portanto, os escoceses, como poucos povos saberão, que nem sempre a vitória é de quem ganha.
Hoje, ao ver Portugal jogar com a Escócia no Mundial de rugby, os jogadores a cantarem o hino de uma maneira que nunca tinha visto, como se quisessem que o ouvíssemos em Lisboa, e a lutarem como se a diferença entre o amadorismo e o profissionalismo fossem apenas os ordenados, o único final possível era ver Portugal ganhar, mesmo com a vitória dos outros.
Um orgulho e uma inspiração, esta malta, uma exemplar manifestação desportiva.
Sunday, September 9, 2007
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5 comments:
Foi exactamente para momentos como estes que se criaram os clichés: o importante é competir, a vitória não é tudo e coisas dessas. Independentemente do número de digitos que acumulem os adversários de Portugal neste mundial, incluindo os All Blacks, a vitória está escrita no orgulho com que uma nação que nunca deu um chavo pelo rugby de repente cria do nada novos e inequívocos heróis. E viva o João UVA!
Podes crer. E o John Grape, pá, quem diria, o maior. hehehe
E não me lembro de ter vibrado tanto a ver um jogo de futebol como a ver esta estreia dos nosso "Lobos" (se calhar só naquela final com a França)!
E agora que venham os gigantones dos Neozelandeses.
...meia-final!
Olhando à farda que envergamos, somos mais uma espécie de capuchinhos vermelhos que ganham no fim da história.
Grandes no hino! Arrepio...
P.S.: Com a Escócia ainda vá, mas lamento não conseguir vibrar com uma equipa que, com as nossas cores, avia mais de 100 batatas num só jogo... Sorry
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