Ao contrário do Carnaval, que para os portugueses é um hábito emprestado, compreendo as feiras medievais. Essas sim têm costumes nacionais. Perturba-me, porém, que nas feiras medievais haja poucas alusões à peste negra, incontornável cunho da era.
Eu sei, claro que sei, que tantas vezes o espaço não dá para tudo e aqui me concedo o direito de repreender as autarquias que, nos seus largos e praças, ao lado das barraquinhas de ginjas, de cervejas, das espadas e das vestes, da Ordem dos Cavaleiros da Palermice e dos bordéis de odaliscas, não reservem cinco metros quadrados que sejam para uma tenda da peste negra.
- Entrai, entrai, nada temeis, afagai estes ratos doentes, infectai-vos e morrei em poucos dias com borbulhas de pus e sangue no corpo com especial incidências nas virilhas e nas axilas. Entrai, entrai.
Alguém entraria, de certo, recolhendo folhetos, lendo sobre as injustiças que ao longo dos tempos foram ditas e escritas sobre esse advento da Idade Média.
- Meus amigo, soubésseis vós o tamanho da injúria. Dizer-se que a peste matou metade da população da Europa, como se a guerra e a fome que se passava na Idade Média nada tivessem a ver com o assunto. São esquecimentos que me entristecem. Agrada-me que se celebre tal época, tão destrutiva para a ordem e para o conhecimento dos povos, empestada de doenças e mortes, mas sempre propus que o façamos de modos mais condizentes. E do vinagre? Ninguém fala desses tempos tão aprazíveis em que as pessoas e as casas empestadas eram lavadas com vinagre? Entrai, entrai, conhecei mais sobre a peste. Infectai-vos à vontade, afagai o roedor, mas depois não saieis daqui a correr para um hospital, seria tal atitude muito pouco medieval.
Tuesday, September 11, 2007
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