Sunday, May 13, 2007

Eu, Astérix: Eustérix

Fui a Roma ser romano. Confirmei o que toda a gente sabe, vi de perto, de mais, destrezas automobilísticas inimagináveis em Lisboa. Dei por mim no circo máximo de inversões de sentido em cima de passadeiras: o espanto de atravessar a rua e esperar um carro de frente, não do lado. Sabe o que diz quem diz que por lá só há dois peões: rápidos e mortos. Fantástico, também, ver um autocarro num semáforo ser ultrapassado pelo passeio. Admirável, por último, que pelo menos o autocarro tenha realmente parado no vermelho. No primeiro dia, achei singular. Nos outros, dei por mim a mandar à fava mais romanos que o Astérix. Sou de mandar à fava: «Vão mas é à fava», digo-lhes eu, sou danado.

No mais, aconselhável. Vinte milhões de pessoas visitam anualmente a cidade, parece que toda a gente já lá tinha ido menos eu. Ainda assim: recomendo. Uma cidade em cima das memórias do império, de pedras e colunas nas margens dos rios de turistas, um passado de fracturas expostas num corpo hoje moderno. Parece uma Roma em permanente dor, partida, eterna. Entre ela o alívio prometido do Vaticano, de um Papa que fala aos domingos da altura de um oitavo andar, mal se vê lá de baixo da praça, máquinas no zoom, gente que não sabe muito bem se acena ou diz adeus. Se o deixassem, parece-me, falaria às pessoas de cima de uma nuvem, ele próprio esticado lá de cima, quase quase a tocar o dedo de Adão, num tecto pintado ali ao lado, por esse que já foi tartaruga-ninja e hoje é vocalista dos Delfins.

2 comments:

innocent bystander said...

o papa é à prova de qualquer zoom, de facto. E queijos? prova superada!

Lunatic on the grass said...

Consegui não comer queijo, sou praticamente um herói. hehe