As pernas, um arco de triunfo. Era concorrência do bordel de cima, dava-se em vez de se vender ou alugar, a libertina da região, satisfeita, variada. Em seu prejuízo a dispensável fama que a transportava de boca em boca mais que de outra coisa em outra coisa. Parecia chorar ao sorrir das piadas que deslizavam do final do balcão como cervejas que nem pingos entornavam.
Aquela vontade de vadiar era droga com a qual tinha perdido batalhas e guerras, vítima de um bombardeiro sentimental que lhe sobrevoava ruas e casas. Diariamente lhe caíam petardos de sentimentos em cima, chuvas ácidas de culpa.
Conhecera um homem que a entusiasmava no privado e a respeitava no público, mas que fugira cedo, confrontado com o seu crédito de trazer por casa, ao contrário do que acontecia em filmes que tinha visto, onde os sonhos se transformavam à medida que as pessoas entravam na história. Na vida, tantas vezes, por pessoas que nos entrem na história há sonhos sempre iguais. Havia outro homem, já casado, que tinha a vida que ela secretamente desejava, porém desgraçadamente sem ela. Não estava ela na fotografia em cima da cómoda, à vista do que faziam despidos no sofá.
Passou na feira da pequena cidade, bolos com óleo, estonteantes danças de cores e luzes e barulhos coordenados ao ponto da irritação. Ao fundo, atrás de uma fila, uma adolescente vendia beijinhos inocentes a cinco dólares numa barraquinha improvisada e uma tabuleta: «Kiss and tell». Foi lá, pagou cinco dólares e sentiu-se menos mal.
Friday, May 25, 2007
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