Penso que é altura de voltarmos a abordar temas que realmente importam: putas que não dão beijos na boca. A questão da puta com este nível de princípio é de uma profundidade que merece reflexão.
Parece-me evidente concluir, desde já, que não se trata de uma questão de privacidade ou intimidade. O aluguer de intimidade é, afinal, o negócio da puta. É mais lato, é matéria da sociologia das profissões.
Sinceramente, sou a favor. Se a vida me tem levado a ser puta, julgo que também não beijaria na boca. Esta, arrisco, é a fronteira entre as que são putas e aquelas que podem chamar-se prostitutas. Toda uma categoria profissional em causa. É mais puta aquela que beija muitos na boca e nada mais, ou a outra cuja única fronteira corporal que impõe ao desejo alheio é a própria boca, e apenas se invadida por outra boca?
Acho que a primeira. A segunda é só mais prostituta.
A questão foi, e oportunamente, quase há 20 anos, trazida a público no filme Pretty Woman, com Julia Roberts e Richard Gere. Com a evolução do mercado da satisfação e variação sexual, a prostituta colocar-se-á, creio, gradualmente no seu patamar superior ao da simples puta. É a tendência a afirmar-se.
De resto, a demarcação de espaço que é feita pelo simples facto de não haver beijo na boca é perfeitamente compreensível. Eu, que nem puta sou, vou ao barbeiro cortar o cabelo, sim, mas jamais deixarei que me façam a barba, é algo que me incomoda, ora por ter medo que me cortem o pescoço, ora por sentir um certo incómodo com a intimidade quase sexual do gesto; é, no fundo, uma carícia de navalha.
E mais: eu, que, repito, nem puta sou, escrevo tantas vezes e tão poucas vezes sobre mim.
Sunday, July 20, 2008
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3 comments:
;)
uma delícia, xotor, uma delícia...
hehehehe. sempre com o consultório às moscas, é certo, mas é porque só trato doenças raras.
Mas o xotor, xotor, tem o que se lhe diga. Adoro a expressão o que se lhe diga. É quase como a expressão "vale o que vale". Keep going man. We will always be here for you...
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