Sunday, April 19, 2009

Flatulência, uma conspiração

Se há coisa que os meus textos têm de muito razoável é que, por mal que soem ou por pouco sentido que façam, não cheiram.

Talvez por essa característica inodora destas minhas linhas me atreva a escrever sobre algo que num dia destes pensei, solitário, numa rua de Lisboa: será que os outros quando caminham sós arriscam, aqui e ali, peidar-se? Ou serei uma besta que ousa fazê-lo, admitindo a via pública por privada; e os outros, mesmo sozinhos, jamais cedem à tentação da flatulência?
Ignoro.

Não valeria a pena discorrer sobre a evidência dos gases que entram e dos que se formam dentro e da forma como se expelem; nem lembrar as variantes culturais do peido, aqui ofensa, alhures elogio.
O que vale a pena é perceber por que razão de um momento para o outro me encheram os pneus do carro com azoto, penso eu que tentando insinuar que o meu automóvel, de velhinho, se peida pelas rodas.

- Vantagens de encher os pneus de azoto? Três – disse-me o mecânico da Norauto – mantêm firmeza e desgastam-se menos, esvaziam-se mais lentamente e fazem menos barulho.

Aceitei. Porém continuo sem saber se os outros carros, mesmo sozinhos na garagem, se esvaziam sem ninguém saber pelas câmaras de ar.

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