Sunday, August 10, 2008

Chinesinhas

Mexem comigo as chinesinhas aos saltos nos tapetes azuis, julgo que vão sair dali a disparar numa fúria qualquer, levadas pelo vento até que alguém as apazigúe. Em dias de nada para fazer, salto, eu próprio, encarpado para o sofá e fico a ver. Com o televisor nos olhos, como escreveu Mário de Carvalho.

Acredito que tudo pode acontecer nos Jogos Olímpicos e fico à espera que um nadador nos apareça de braçadeiras, de um gordo que faça uma bomba na piscina de saltos ou de um halterofilista borrado num esgar de força.

O que aprecio mesmo, porém, é um atirador português chamado Nuno Pombo.

Aliás, qualquer modalidade de tiro, à partida, me desperta o olimpismo. Sobretudo tiro com arma de caça, pela essência de energia, pela pureza inquestionavelmente desportiva.

Ao ver os chineses redundantemente a amealhar medalhas confirmo a minha suspeita de que há oito anos estavam guardados em frascos à espera do 8 do 8 de 2008, para dos frascos saltarem super homens e mulheres, ganharem tudo e desaparecerem de seguida, esquecidos pelos excessos e enriquecimentos, como heróis de Gotham em Pequim e Xangai, vestidos de morcego, sem saberem se são bons ou maus, ou Maos, nas cidades onde, pelo que contam, o sol é só uma luz clara cujos raios se espalham por uma só nuvem. E de noite o sol é um néon.

Ressaco de futebol, claro, snifando escondido futebóis de praia, injectando particulares em vielas e amigáveis em caves de casas de jogos, sentindo-me capaz de cair um dia num qualquer torneio de matraquilhos, talvez, do Café Central de Castro Daire.

Dou por mim a ver as chinesinhas aos saltos em alucinados tapetes azuis, como se fossem chinesinhas heroínas de um futebol qualquer a festejarem golos que ali só eu vejo.